segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Os Últimos Dias dos Riquixás


Para modernizar sua imagem, Calcutá – atual Kolkata – está banindo um importante símbolo do passado colonial da índia.

Algumas vezes, em meio ao mar de buzinas e gritos, se ouve um sino. O que se vê, de fato é um riquixá: Ao invés de ser puxada por um cavalo ou outro animal, uma carroça era conduzida por um homem – em geral raquítico, encardido e descalço, parecendo pouco apto a tarefa.

Kolkata ainda é muito associado e lembrado à Madre Teresa de Calcutá – grande defensora dos oprimidos, sempre lutando por causas sociais – e por isso associam a cidade com miséria e pobreza, quadro que está sendo revertido em passos muito lentos.
Foram anos marcados por apagões, desemprego, fuga de indústrias e violência.

Ainda existe muita gente dormindo nas ruas, mas a cidade mudou.
Para adaptar à cidade à imagem de “cidade moderna” que quer passar, o governo pensa em eliminar os riquixás puxados a mão, alegando razões humanitárias e principalmente por que é ofensivo ver “um homem suando e se esfalfando para puxar outro homem”. Mas hoje em dia, os políticos também lamentam o impacto de 6 mil desses riquixás no tráfego de uma cidade moderna, e, sobretudo em sua imagem.

O povo – não pobre, mas que está a dois dedos acima da pobreza, que não pode bancar um táxi mas já pode se privar de andar a pé pela cidade – é que usa os riquixás. É gente que costuma fazer trajetos curtos, por travessas que às vezes são inacessíveis aos taxistas.

Um Wallah (puxador de riquixá) pode fazer entre 100 e 150 rúpias por dia, das quais têm que pagar 20 pelo uso do riquixá e eventuais 75 rúpias de propina quando é parado pela polícia quando, por exemplo, cruzou uma rua proibida para riquixás.

Quando algum Wallah é perguntado se ele acha que o plano do governo de livrar a cidade dos riquixás se baseia num legítimo interesse pelo bem-estar deles, ele sorri e acena a cabeça, gesto a ser interpretado como “Se você é tão ingênuo a ponto de fazer uma pergunta dessas, não vale apena gastar palavras com uma resposta.”


Baseado em uma reportagem homônima do National Geografic (again?)


(E agora, por que eu postei isso, não é mesmo?)

2 comentários:

  1. Ok... Todos sabemos que um homem não merece isso!
    Mas e os cavalos, merecem?
    Nunca vi nenhum "movimento" do governo para acabar com as carroças... Sendo que na grande maioria das vezes, os usuários de carroça maltratam, batem, deixam sem agua e comida seus "transportes"...
    E então, qual a diferença de um homem para um cavalo?
    Talvez seja que o cavalo não é tão estúpido e egoísta!

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  2. As pessoas em si, são estúpidas, simples assim.

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